#Slowfashion: Porque cada vez mais precisamos adotar esta forma de consumo?

“Europa regista o verão mais quente da história”
As temperaturas médias foram as “mais elevadas, para o mês de agosto e para todo o verão”, e superaram os registos de 2021, que eram os recordes anteriores.
Fonte: Diário de Notícias
Estamos no fim de mais um verão e mais uma vez as imagens dos incêndios na Europa e pelo mundo fora encheram os jornais e fizerem aberturas de telejornais, dia sim, dia também… O que sinto que é por vezes a repetição cria o sentimento de normalização do que não é normal e isso pode estar a acontecer com a nossa sociedade.
Já todos percebemos que o clima está a mudar a um ritmo absurdo e o planeta caminha para uma situação irreversível que já está a afetar-nos a todos e que só se tornará pior ainda para quem vier depois de nós. E perante isto, vamos continuar à espera da acção do poder político? Das organizações não-governamentais? Dos encontros políticos mundiais e dos tratados que não dão em nada? De qualquer um que não nós mesmos?!
Como diz uma frase muito conhecida, mais do que exigir mudanças, ou esperar por elas, cada um de nós deve ser a mudança que quer ver no Mundo. E o que tem tudo isto a ver com o Slow Fashion?!
Muito! Sabias que a segundo vários estudos, a industria têxtil é a segunda mais poluente do mundo?! Sim, é verdade. Conforme os parâmetros de avaliação de cada estudo, estes ranking sofrem ligeiras variações, poucas, e assim em todos o primeiro lugar é sempre ocupado pela indústria petrolífera, sendo que a indústria têxtil ocupa o segundo ou terceiro lugar, ficando mesmo à frente do transporte aéreo e marítimo…E não faz sentido!!!
Mas antes de continuar, o que é afinal o Slow Fashion?
O termo Slow Fashion foi criado pela professora e consultora do Center for Sustainable Fashion Kate Fletcher e usado pela primeira vez no seu livro “Sustainable Fashion and Textiles: Design Journeys” (2008).
O slow fashion é uma alternativa sustentável à moda globalizada e massiva. É uma forma de produção que preza pela diversidade, prioriza a produção local, promove a consciência sócio-ambiental e humana, pratica preços reais que incorporam os reais custos sociais e ecológicos e mantém a sua produção na pequena e média escalas.
E eu poderia ser a última pessoa a dizer isto, afinal o meu trabalho é com moda!!! Esta questão colocou-me num lugar difícil de gerir enquanto pessoa, e sobretudo enquanto mulher, porque comecei a sentir que não ia querer mais “patrocinar” com o meu trabalho uma industria cujos valores eu não me revia… Mas tudo na vida tem pelo menos dois lados da história e dei-me espaço para olhar para o outro lado.
Esse outro lado é aquele onde estão marcas com estruturas bem mais pequenas cujos valores eu me revejo e identifico, marcas cujos valores éticos de sustentabilidade ambiental, social e humana estão impressos em toda a cadeia de produção.
E dei por mim a pensar “E eu enquanto profissional e também enquanto consumidora, o que posso fazer?”
Bem… nós, enquanto consumidores, está ao nosso alcance uma mudança de atitude do nosso modelo de consumo, da forma como compramos, usamos, estimamos ou rapidamente descartamos o que compramos há 2 meses atrás… Isso é possível, essa mudança de atitude qualquer pessoa pode fazer. Precisas mesmo de comprar peças novas a cada época de saldos ou promoções? Precisas mesmo de 6 calças pretas, das quais, só usas duas? E por aí vai…
As marcas sustentáveis, mesmo com margens de lucro muito mais baixas, têm uma maior dificuldade em ter os preços que tão facilmente nos habituamos a ver nas montras nas últimas décadas, mas a que custo? Quanto ganham as pessoas (maioritariamente mulheres) que fazem aquelas roupas vendidas a €9,90? Qual é a qualidade dos tecidos que essas marcas usam? Quanto tempo vão durar aquelas peças?!
Mas então, o que está nas nossas mãos e podemos começar a fazer já?
Podemos todos comprar tudo o que usamos em marcas sustentáveis? Talvez não.
Podemos nos organizar e em vez de comprar 3 pares de calças de ganga a €19,90, comprarmos apenas 1 par de muito boa qualidade, de uma marca cujos valores conhecemos e moralmente nos identificamos e que também vão durar 3 x mais do que as 3 anteriores juntas? Sim, podemos.
Podemos cuidar melhor das coisas que já temos para que durem mais, mesmo se forem de marcas fast fashion e fazê-las durar mais? Sim, absolutamente.
Podemos comprar em segunda-mão, por vezes, peças de marcas muito conceituadas e de ótima qualidade a preços muito atrativos? Yup, checked, as well…!
Então podemos todos já hoje, com os recursos que temos, ter uma atitude muito mais sustentável e com isso, ser a mudança que queremos ver no mundo e que sim, só pode começar em nós!
Com amor,
Tânia
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